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Trabalhadores da Fiocruz prestam solidariedade a vítimas da violência do Estado

 Os trabalhadores da Fiocruz se uniram, nesta terça-feira (15/09), para prestar solidariedade aos moradores das comunidades vizinhas à Fiocruz atingidos pela violência, no Ato “Contra a Violência do Estado”. A manifestação, incorporada como atividade de greve, ocorreu em memória à morte do adolescente Cristian Andrade, de 13 anos, assassinado há uma semana numa operação policial em Manguinhos, e demais vítimas de violência do Estado; contra o racismo e pelos Direitos Humanos.

            Na presença de familiares de Cristian, moradores da região, mães vítimas da violência, trabalhadores da Fiocruz, diretores da Asfoc-SN, das Unidades da Fundação Oswaldo Cruz, além da Presidência e Vices da Instituição e representantes dos movimentos sociais, estenderam faixas e cartazes e fizeram discursos criticando a política de segurança pública do Estado, no pátio da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp).  

            “É uma falência total do Estado, que não oferece segurança, habitação, saúde e educação, e mata crianças, jovens e cidadãos nas comunidades”, frisou, na abertura do Ato, a presidente da Asfoc-SN, Justa Helena Franco, que ainda leu uma carta do Comando de Mobilização em memória e solidariedade às vítimas da violência em favelas do Rio de Janeiro (leia abaixo).

            Mãe de Jonatha de Oliveira Lima, de 19 anos, assassinado em Manguinhos, em 2014, Ana Paula Gomes de Oliveira pediu Justiça em nome dos moradores que vivem diariamente a violência, e para que os direitos sociais não sejam negados pelo Estado à população. “Temos dentro das favelas um Estado militarizado e opressor, que está ali para tirar a vida dos nossos filhos, amigos e vizinhos. Não precisamos da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)! Precisamos de Educação e Saúde de qualidade”, afirmou, emocionada, Ana Paula.

            Representando o Comando Geral de Mobilização, Leonardo Bueno afirmou que “infelizmente, ainda há a continuidade do processo de militarização nestes territórios e o crescimento de práticas de exceção”. “Esperamos que o Ato faça avançar ações de enfrentamento e reforce essa luta por dignidade dentro das comunidades”, disse.

            O diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, Hermano Castro, reforçou a necessidade de maior participação da Fundação Oswaldo Cruz nos movimentos sociais.

            O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, contou parte da história da Fundação e lembrou que a Instituição, desde sua origem, caracteriza-se por ir nos locais mais longínquos, cuidando das populações esquecidas. Segundo ele, a Fiocruz simboliza o papel do Estado nas áreas excluídas. “O Castelo simboliza a produção da Saúde e a violência é reconhecida como tema central da Saúde”, afirmou Gadelha, que ainda fez referência aos projetos do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde (Claves) e Teias-Escola Manguinhos, da Ensp.

            Também fizeram falas no Ato o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL-RJ); o secretário da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB/RJ), André Barros; a representante da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Marielle Franco; lideranças das comunidades, entre outros.

            Clique aqui para ver algumas fotos do protesto!

Agenda de Mobilização:

Quarta-feira (16/09):

7h – Piquete nas portarias da Avenida Brasil e Leopoldo Bulhões
13h30 – Reunião do Comando de Mobilização, na sede da Asfoc

Quinta-feira (17/09):

Assembleia Extraordinária

Horário: 13h30

Local: quadra de Esportes (Jorge Careli)

Pauta: Avaliação dos rumos do movimento e informes gerais

Carta em memória e solidariedade às vítimas da violência em favelas do Rio de Janeiro

            Nós, do Comando Geral de Greve dos trabalhadores da Fiocruz, por meio desta carta, vimos afirmar nossa indignação e preocupação com as ações de segurança pública em territórios de favela do Estado do Rio de Janeiro. Os referidos territórios em situação de extrema vulnerabilidade e seus moradores sofrem com as diferentes formas de violência social.

            As desigualdades sociais se expressam na vida cotidiana nas suas múltiplas dimensões: como condições de moradia, acesso à educação, expressão política, direito de ir e vir, e sobretudo, o direito à vida – que tem relação direta com a saúde da população. Nós, como trabalhadores da Fiocruz, instituição protagonista na luta pela defesa deste conceito ampliado de saúde, assumimos o dever de nos posicionar frente a toda a violência causada por ações do Estado em sua política de segurança pública. O assassinato de Cristian Soares da Silva, Johnatha de Oliveira Lima, Paulo Roberto Pinho de Menezes e Mateus Oliveira Casé em Manguinhos e todas as demais mortes de crianças e jovens negros moradores de favelas do Rio de Janeiro não podem ser toleradas.

            A expressão de indignação por parte de movimentos sociais e populares é legítima e compreensível frente a gravidade da situação. Cobrar a responsabilização das diferentes esferas do Estado, significa lutar pela consolidação do Estado Democrático de Direito.

            A sociedade que tolera a morte de suas crianças caminha a passos largos para a barbárie.

            A vida é o primeiro e fundamental direito! Manguinhos, Maré e Alemão têm fome de direito!

            Comando Geral de Greve dos trabalhadores da Fiocruz

#FiocruzEmGreve #EuMeImporto

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