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Nota de solidariedade aos trabalhadores da Anvisa

O Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc-SN) vem a público manifestar seu veemente repúdio à ameaça do presidente da República, Jair Bolsonaro, aos integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que aprovaram a utilização da vacina da Pfizer contra Covid-19 para crianças entre 5 e 11 anos – já respaldada cientificamente de forma ampla.

A vacinação nesta faixa etária é estrategicamente importante para aumentar o número de vacinados, que neste momento encontra-se estacionado em torno de 70% no Brasil. Ampliar a vacinação para crianças é uma necessidade do ponto de vista epidemiológico para controlar a epidemia. E imperioso do ponto de vista humanista para impedir que morram crianças e se destruam famílias. São milhares de internações e centenas de mortes de crianças que podem ser evitadas.

Em live quinta-feira (16/12), Bolsonaro, em clara tentativa de intimidação, afirmou que divulgaria os nomes dos servidores da Agência responsáveis pela autorização da vacinação nesta faixa etária – após declaração do presidente, o corpo técnico da Anvisa passou inclusive a receber ameaças pelas redes sociais.

Ao afirmar que divulgaria o nome dos servidores envolvidos na liberação da vacina, Bolsonaro faz uma ameaça aos servidores e incita os fanáticos de sua, cada vez menor, base de apoio a hostilizá-los nas redes sociais ou mesmo presencialmente.

Trata-se de uma atitude negacionista criminosa, que coloca em risco a vida das crianças, a segurança sanitária de toda a população, a estratégia de vacinação e a integridade física e moral dos servidores da Anvisa. Um verdadeiro atentado à vida e à economia. Um desserviço ao país promovido por um governo que nada construiu de bom.

Propagador contumaz de mentiras, Bolsonaro afirma, estupidamente, que ele tem a melhor das defesas e se encontra imune por ter sido contaminado pelo coronavírus. Não por desconhecimento, mas por razões ideológicas, o presidente esconde o fato de que a doença não confere imunidade e que sem uma ampla cobertura vacinal, incluindo crianças, o vírus continuará circulando e sofrendo mutações.

É inconcebível que o presidente da República se utilize de seu cargo para atacar aqueles que, amparados pela ciência e cientes do seu compromisso em defesa da população, cumprem rigorosamente com o dever de servidores públicos.

Esse tipo de atitude é um alerta para os perigos inerentes a uma eventual aprovação da Reforma Administrativa que, na prática, acaba com qualquer resquício de republicanismo e abre de vez o serviço público ao domínio do crime organizado e às práticas do patrimonialismo, do mandonismo e do clientelismo.

Cortes orçamentários em áreas estratégicas como saúde, educação, ciência e tecnologia também foram priorizados pelo atual governo, enquanto as emendas parlamentares são   privilegiadas como instrumento de barganha por parte do governo federal.

Ontem (22/12), a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, do Ministério da Saúde, lançou consulta pública para manifestação da sociedade civil sobre vacinação em crianças de 5 a 11 anos, autorizada pela Anvisa. No lugar de vacinar ou não as crianças podemos pensar em outras sugestões de consultas públicas: abrir os sigilos fiscal e telemático dos Bolsonaros, processos de impeachment de Bolsonaro e para o afastamento de Paulo Guedes por crime contra a economia popular; deixar correr livremente as investigações sobre as rachadinhas; reverter as reformas da Previdência e Trabalhista; aprofundar as investigações e abrir os processos relacionados à CPI da Pandemia.

O Sindicato se solidariza com os servidores públicos que exercem sua função e lutam para preservar a saúde dos brasileiros neste momento tão delicado da história mundial, e reitera a confiança no trabalho desenvolvido, de forma independente, pela Anvisa em prol da ciência, democracia e vida.

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