Pesquisar

Notícias

Live: pesquisadores exaltam trabalho da Fiocruz e criticam troca de quadro técnico do Ministério da Saúde

Os pesquisadores da Fiocruz Julio Croda e Rivaldo Venâncio da Cunha exaltaram o trabalho desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz na pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Em contraponto, eles criticaram a troca do quadro técnico do Ministério da Saúde promovida pelo governo federal – inclusive dos ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. As afirmações foram feitas ontem (14/07) na live “Ciência, Tecnologia e Pesquisa”, da Asfoc-SN.

O presidente do Sindicato, Paulo Garrido, disse que neste momento é fundamental fortalecer o debate. Neste sentido, a Asfoc segue na construção coletiva de agendas. Nas duas próximas semanas, a live terá como convidados parlamentares de Rondônia e do Piauí. Além disso, o Sindicato realizará mais uma edição – desta vez virtual – do Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania e da Medalha Careli de Direitos Humanos, em 25 de agosto. “Gestão participativa, saúde, cidadania e direitos humanos”, frisou Paulinho.

A vice-presidente da Asfoc, Mychelle Alves, elogiou a política de saúde da família no Brasil. “É uma grande política implementada com muito sucesso no País. Temos que apoiar os Agentes Comunitários de Saúde, porque conseguem fazer um trabalho eficiente, ampliar a testagem e a comunicação com as populações mais vulneráveis que precisam mais deste atendimento no local”, comemorou.

Nas falas de abertura, os convidados Julio Croda e Rivaldo Venâncio da Cunha elogiaram o conjunto de trabalhadores da Fiocruz e as ações desenvolvidas pela Fundação na pandemia.

“A Instituição mais democrática que faz ciência no Brasil. E realmente faz uma diferença enorme para a saúde pública. (…) A Fiocruz exerce uma liderança muito importante no cenário nacional e é uma Instituição secular que merece ser reconhecida. Nós, funcionários da Fiocruz, temos que dedicar cada tempo para defender esta Instituição, porque realmente ela faz diferença na vida do brasileiro”, ressaltou Julio Croda. 

“Estamos recebendo o reconhecimento público da sociedade porque ela se identifica com o que estamos fazendo (…). São 120 anos de história a serviço da saúde pública, da ciência e a serviço da vida. E a população, sobretudo nestes momentos de maior fragilidade, ansiedade e angústia diante de um fenômeno como esse do novo coronavírus, reconhece esse conjunto de instituições, não só a Fiocruz, que tem dedicado o melhor dos seus esforços no enfrentamento da pandemia”, afirmou Rivaldo Venâncio.

Sobre a atuação do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, os palestrantes criticaram o “impasse do Ministério da Saúde” e a “descoordenação e paralisia do governo federal”.

“Não bastasse as crises sanitária, econômica, o apartheid social, fruto de cinco séculos de modelo de desenvolvimento excludente, temos o impasse no Ministério da Saúde, com a mudança da equipe técnica, em abril. De lá pra cá, essa equipe de fato não foi substituída. Existe um conjunto muito grande de valorosos quadros técnicos, mas estão como temporários, interinos nas suas funções, sem poder de decisão. Isso tem feito uma paralisia tomar conta de um nível central, e isso vai se espraiando na rede de abastecimento de insumos. A situação é dramática, tem gerado muito mais que uma crise de saúde, uma crise humanitária no País”, criticou Rivaldo Venâncio.

“Existe muita descoordenação no governo federal. Toda parte do primeiro escalão [do Ministério da Saúde] foi trocada por militares. Muitos não foram gestores do SUS, não são profissionais da Saúde, não têm experiência nenhuma. A troca também impactou na resposta à pandemia e no seu planejamento. Enquanto isso, na sessão da Câmara dos Deputados desta terça-feira (14/07) é discutido tratamento precoce para a Covid-19 e kit-Covid, com hidroxicloroquina e ivermectina. É bastante triste discutir tratamentos que não têm nenhuma comprovação científica. O que salva vidas é leito de terapia intensiva, profissionais bem treinados, distanciamento social e uso de máscara. Isso faz a diferença”, afirmou Julio Croda.

No encerramento do debate, Rivaldo Venâncio agradeceu a Asfoc-SN por ceder o campo de futebol e a área de lazer para a construção do Centro Hospitalar Covid-19, no campus de Manguinhos da Fiocruz. “Em nome da Presidência da Fiocruz, agradeço a Asfoc em relação à maturidade, ao profissionalismo e, sobretudo, a generosidade humana e solidariedade. Toda a Diretoria entendeu a emergência sanitária e não questionou, não titubeou em momento algum a dizer não à Presidência da Fiocruz, mas sim à sociedade brasileira”, finalizou o pesquisador.

Acesse a íntegra da reunião virtual em: https://www.facebook.com/asfocsn/videos/4075460429193179/

Últimas Notícias