O diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), Rodrigo Murtinho, e os jornalistas Luiz Felipe Stevanim (Programa Radis/Fiocruz) e Maíra Mathias (Editora do Outra Saúde) ressaltaram o importante papel da comunicação para a constituição de um país democrático. As afirmações foram feitas ontem (20/10) durante a live “Informação, Comunicação e Saúde na pandemia”, promovida pela Asfoc.
Para Rodrigo Murtinho, não existe a possibilidade de avançar no processo democrático sem discutir comunicação, direito de comunicar e acesso à informação. De acordo com ele, a internet é meio fundamental em diferentes perspectivas: espaço de acesso ao conhecimento, de comunicação, trocas afetivas e entretenimento. Segundo o diretor do Icict, sem acesso universal à internet, a democracia está comprometida.
“É fundamental que a gente garanta e coloque o quanto é essencial o acesso à internet para a população. O Brasil é um país que se desenvolveu de forma desigual e continua desigual seguindo lógicas muito semelhantes, e isso também ocorre na comunicação, que hoje está 100% nas mãos de empresas privadas. (…) É uma questão de cidadania. É um interesse que o Estado deveria ter de levar e promover o acesso à internet em todos os lugares do país”.
Para Luiz Felipe Stevanim, a Fiocruz pode contribuir neste papel fundamental, seja na defesa da democracia, no debate público, no diálogo e na divulgação de dados confiáveis e transparentes – assim como fazem as universidades e instituições de pesquisa públicas. “Com transparência, dados, ciência, diálogo com a sociedade, temos condições de enfrentar essa situação de grande impacto social (pandemia). É preciso ação em comunicação qualificada para promover direitos”.
Segundo Maíra Mathias, a Fundação Oswaldo Cruz tem, sozinha, o reconhecimento da população, seja na produção de vacinas e medicamentos – e ela defende o Estado e o poder público neste papel. “A Fiocruz mostrou como tem força, tem talentos, expertises para dar e vender e gente muito aguerrida e disposta a falar com todos os tipos de veículos. Precisamos lutar para que continue assim”.
O presidente da Asfoc, Paulo Garrido, falou sobre a intensa e crescente disputa por dados e informações no mundo. E destacou o domínio da comunicação sobre os próprios fatos. “No Brasil de hoje, experimentamos essa disputa repleta de fake news, manipulação de dados, da opinião pública e algorítimos que viram peças importantes no jogo político”.
Para a vice do Sindicato, Mychelle Alves, é importante, principalmente neste momento de pandemia, buscar informações em meios de comunicação confiáveis para combater as notícias falsas. “É uma forma de enfrentarmos o negacionismo da ciência, da saúde e da vacina”.
O tema da live da próxima terça-feira (27/10) será “Saúde dos Trabalhadores”.
Confira o debate virtual na íntegra transmitido ontem em: https://www.facebook.com/asfocsn/videos/381593656538170/