O Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN) realizou ontem (28/04) a segunda “live” para debater Saúde, Ciência, Tecnologia e Pesquisa durante a atual crise do novo coronavírus (Covid-19). Neste painel, em parceria com a Agência Servidores, o Sindicato colocou em pauta o tema “Pandemia e as Perspectivas da Saúde”.
O encontro virtual teve participação de Paulo Garrido (presidente da Asfoc), Mychelle Alves (vice), Paulo Gadelha (coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030), Denise Dau (representante da Internacional de Serviços Públicos/ISP no Brasil) e Jocélio Drummond (médico e secretário Regional da ISP nas Américas).
Paulo Garrido afirmou que é preciso aprofundar o debate e todos os países se unirem para superar desigualdades, injustiças e desequilíbrios no desenvolvimento.
“Ao longo da história, a exclusão sempre provocou desastres. Podemos ajudar a mudar essa situação ao enfrentar os desafios globais, nos preparar para liderar as mudanças: análise, diagnóstico e apresentar propostas inclusivas no sentido de promover uma participação com mais democracia e mais justiça. Construir um mundo mais justo e solidário, que coloque o povo acima dos lucros”.
Para atender os objetivos de desenvolvimento sustentável, principalmente na área de Saúde no Brasil, Mychelle Alves ressaltou mais uma vez a necessidade de revogação da Emenda Constitucional 95 – congela os investimentos em Saúde e Educação por 20 anos. “Para vencer essa pandemia e a pós-pandemia, é urgente a revogação da EC 95”.
Para Paulo Gadelha, a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, das Organizações das Nações Unidas (ONU), é referência central para se pensar o futuro da humanidade. Erradicar a pobreza é um desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. E, segundo ele, a pandemia desnudou a imensa iniquidade no Brasil. Especialmente do ponto de vista da mortalidade, muito direcionada às populações mais vulneráveis.
“É totalmente diferenciado, o acesso a hospitais, a capacidade de isolamento. Tudo mostra a estrutura de iniquidade deste país. Outro ônus é a capacidade de detecção precoce (da doença) com a necessidade de atendimento com mais eficiência pelos serviços (de saúde)”, ressaltou.
De acordo com Denise Dau, a pandemia do novo coronavírus chegou num momento muito grave do país, com cortes de investimentos na Saúde e Educação. Como exemplo, citou a aprovação da EC 95. E listou outras: a extinção de espaços de negociação e a revisão da legislação regulamentadora dos direitos previdenciário e trabalhista, em especial das normas técnicas regulamentadoras das condições de trabalho.
“Por isso, é importante reverter muito rapidamente essa situação e aproveitar o momento para sensibilizar o conjunto da sociedade, da população, para essa agenda de valorização dos serviços públicos, que são essenciais não somente em meio à pandemia, mas para promoção da igualdade social, da equidade, da inclusão, sempre cotidianamente”.
Jocélio Drummond comparou a pandemia do Brasil com a Argentina. Mas não apenas como uma questão puramente matemática – números da doença entre os dois países. Segundo ele, a Argentina vem dando melhores respostas desde o início da pandemia. De acordo com Jocélio, isso mostra o descalabro vivido no Brasil, e a forma errada como algumas pessoas estão tratando o problema.
“E o que nos sobra é muito orgulho da Fiocruz. Uma instituição reconhecida, respeitada internacionalmente. E eu fico realmente surpreso com tanto desmonte, ataques, críticas à ciência, cientistas sendo perseguidos porque não adotam o protocolo que alguns imbecis imaginam que deveria ser adotado. Parabéns, Fiocruz! Motivo de muito orgulho para o Brasil. Queremos que cresça e se recupere mais e mais para cumprir seu importantíssimo papel a nível nacional e mundial”.
Em função de problemas técnicos, não foi possível a participação do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão. A Agência Servidores se comprometeu a fazer hoje (29/04) uma entrevista especial com o médico e pesquisador da Fiocruz – assim que o material estiver disponível, a Asfoc disponibilizará em seus canais de comunicação.
A próxima “live” da Asfoc (“Fundamento para boas políticas em Saúde”) será realizada na próxima terça-feira (05/05), às 19 horas. Convidados: Valdilea Veloso (diretora do Instituto Nacional de Infectologia/INI Evandro Chagas), Paulo Buss (ex-presidente da Fiocruz) e Ildeu Moreira (presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência/SBPC). A atividade faz parte das comemorações do Dia do Trabalhador (1º de Maio) e dos 120 anos da Fiocruz.
Confira a segunda “live” do Sindicato em: https://www.facebook.com/asfocsn/videos/223245049098133/