Cumprindo decisão de Assembleia Geral, a Asfoc-SN promoveu, quinta-feira (02/12), live sobre o IX Congresso Interno. Com o tema “Desenvolvimento sustentável com equidade, saúde e democracia: a Fiocruz e os desafios para o SUS e a saúde global”, mesmo lema proposto para o Congresso, a pesquisadora em Saúde Pública e coordenadora Geral de Educação Adjunta da VPEIC/Fiocruz, Eduarda Cesse, e o vice-diretor de Gestão e Mercado de Biomanguinhos, Artur Couto, debateram o documento referência e como a pandemia de Covid-19 expôs a vulnerabilidade do atual modelo de desenvolvimento e contribuiu ainda mais para aprofundar as desigualdades.
Na abertura do evento, a presidente do Sindicato, Mychelle Alves, leu um texto da Direção manifestando a crença na capacidade do Brasil superar o atual momento de crise. “Acreditamos que é possível construir um país mais justo, menos desigual e sintonizado com os valores da civilização e da dignidade humana. Acreditamos na possibilidade de construção de um projeto de desenvolvimento soberano. Um projeto que tenha o bem-estar do povo mais necessitado como elemento central e orientador das demais políticas públicas. Um caminho responsável, socialmente justo e ambientalmente sustentável”.
Para o Sindicato, esse projeto contraria a ideia de um Estado mínimo, e trilha o caminho da defesa da vida, da promoção da paz, da justiça e da cidadania. “Um sustentáculo de um novo projeto de nação brasileira. Um estado laico garantidor da tolerância religiosa. Um Estado que, ao zelar pelo interesse da maioria da sociedade, não descuide do direito das minorias e dos vulneráveis. Um Estado soberano e democrático, dotado de um serviço público de qualidade e à altura de seus desafios e das suas atribuições”.
Eduarda Cesse revelou que a Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), junto com a Câmara Técnica de Informação e Comunicação, apresentou a Tese 10, intitulada “Democracia e Diálogo com a Sociedade”. “Essa tese contribui para o nosso caderno de contribuições para ficar ainda mais robusto, constando a capacidade da Fiocruz para a sociedade”.
Segundo ela, em meio à crise sanitária e social sem precedentes, a dura realidade já posta aos trabalhadores brasileiros frente às reformas que restringem direitos (trabalhista, previdenciário, além da Emenda Constitucional 95 e outras reformas) ampliarão a desigualdade existente.
“Esse contexto está atrelado ao aumento da miséria e da pobreza, agudizada com a pandemia, ampliando o número de pessoas em situação de extrema pobreza. Dados alarmantes mostram que, entre 2019 e o início de 2020, quase 1,2 milhões passaram para a condição de extrema pobreza no Brasil”.
Outra questão que carrega a missão de discussão do Congresso Interno está relacionada à sustentabilidade. De acordo com Eduarda Cesse, o planeta evidencia situações limítrofes de sua resiliência. Em relação a esse contexto no país, o Brasil, segundo ela, está muito mal em relação aos objetivos do desenvolvimento sustentável da Agenda 2030.
“O Brasil não avançou de forma significativa em nenhuma destas metas e, nos últimos anos, temos assistido o aumento da mortalidade materna e infantil, a vacinação caindo bastante e repercutindo gravemente nas doenças transmissíveis. E houve ainda a redução de serviços e insumos para a saúde sexual e reprodutiva. Estamos nesse desarranjo social”, ressaltou.
Artur Couto falou sobre a Tese 3, uma das mais discutidas em Biomanguinhos. O primeiro questionamento desta tese é: A Fiocruz é capaz de reconfigurar e ampliar seu potencial para gerar novos conhecimentos? Artur disse não ter dúvidas sobre a capacidade da Fundação.
“Temos muitos desafios na Fiocruz. O SUS ainda carece de muito trabalho, esforço para podermos atender melhor essas demandas do sistema único de saúde. Trazer esse tema para dentro Congresso é uma oportunidade ímpar de fazer uma reflexão daquilo que nós podemos ainda trabalhar e levar para a sociedade”.
Como exemplo, ele citou a rápida resposta da Fiocruz durante a pandemia de Covid-19. “Tudo que nós fizemos ao longo deste um ano e meio, trazer uma vacina, reagentes para diagnósticos para atender a população e conseguir diminuir os casos (da doença), é um resultado fantástico. É um esforço de toda a sociedade mundial no combate à pandemia”.
Mas vários questionamentos vieram à tona: por que o Brasil teve que trazer tecnologia de fora? Por que o país não conseguiu trazer mais inovação? Para Artur Couto, o problema é de todo o sistema.
“Nós investimos muito pouco em inovação. Colocamos muito pouco recurso na inovação deste país. As universidades poderiam estar fazendo muito mais se tivessem recursos suficientes. Os centros de pesquisas, as parcerias… como no resto do mundo. Ninguém hoje faz nada sozinho”, ressaltou.
Os diretores Marcos Besserman (Asfoc) e Tom Meirelles (IFF) contribuíram com o debate interagindo com os debatedores, fazendo reflexões e questionamentos aos convidados.
Acesse o link e assista ao debate na íntegra: https://www.facebook.com/asfocsn/videos/250207773843062