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Carta ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2019

Excelentíssimo Senhor Luiz Henrique Mandetta

Ministro de Estado da Saúde

Senhor Ministro,

Gostaríamos inicialmente de cumprimentá-lo pelo apoio à manutenção dos compromissos firmados pela União com a Fiocruz e pelo Aviso Ministerial emitido pela sua pasta que muito contribuiu para a convocação dos aprovados do concurso de 2016. Nesse grave momento pelo qual passa a economia do país, sacrificada pelos altos juros responsáveis pelo crescimento da dívida pública e pelo quadro de recessão que nos atinge, manifestamos nossa preocupação com o papel indutor reservado ao Estado no que toca à reversão do ciclo recessivo e ao acolhimento das urgentes demandas sociais derivadas da crise e do passivo histórico que marca negativamente nossa estrutura socioeconômica. Nesse sentido, para além dos 119 agora chamados, acreditamos ser essencial à execução da nossa importante missão institucional a incorporação dos excedentes do referido concurso, reivindicação que esperamos, mais uma vez, contar com a sua adesão.

Não menos importante, e de igual relevância para os trabalhadores da Fiocruz, pedimos apoio para a efetivação oficial do Reconhecimento de Resultado de Aprendizagem (RRA) – importante instrumento interno de incentivo à qualificação – questão discutida e acordada por gestões anteriores. Salvaguardadas por um termo de acordo assinado entre Asfoc-SN, Fiocruz e governo Federal. Solicitamos apoio também pela abertura de negociação efetiva em busca de recomposição das perdas salariais.

Gostaríamos ainda de chamar atenção para o crescimento epidêmico da violência que atinge a sociedade e agrava todos os demais indicadores e condicionantes do quadro sanitário.  Sem relegar para segundo plano o quadro geral, chamamos a sua atenção, particularmente, para as operações armadas dos aparatos de segurança em Manguinhos, Maré e Jacarepaguá, territórios da cidade onde temos unidades da Fiocruz instaladas no Rio de Janeiro. Uma situação denunciada por moradores e trabalhadores cujas denúncias se somam à constatação de uso de atiradores de elite na eliminação, jurídica e humanamente inaceitável, daqueles considerados suspeitos. Como instituição de saúde pública, lutamos e trabalhamos para a construção de um projeto civilizatório em que, ao lado da manutenção da lei e da ordem, todos tenham direito às garantias legais de julgamento justo e de condições dignas de existência com direito à cidadania, à livre manifestação de ideias e o direito de ir e vir. Os trabalhadores da Fiocruz, estudantes e usuários de nossos serviços têm sido, assim como os demais segmentos da sociedade, vítimas dos confrontos armados que caracterizam a discutível política de combate à criminalidade

A estas preocupações se junta nossa insatisfação com relação aos cortes na área de Ciência, Tecnologia & Inovação, que comprometem a capacidade de construção de um projeto soberano, inclusivo e ambientalmente responsável. Bem como em relação aos impactos extremamente negativos da proposta de Reforma da Previdência na Seguridade Social para o país e, mais especialmente, para o SUS.

Reforçamos ainda a importância da construção de políticas públicas participativas na saúde, valorizando a participação das diversas entidades e movimentos que compõem a sociedade e que, não só têm plenas condições de propor melhorias, mas são fundamentais para o êxito e enraizamento de tais políticas.

Registramos nossa preocupação com medidas e projetos em curso que agravam a situação do serviço público e colocam em risco a prestação de serviços de qualidade à população e, portanto, o exercício efetivo da cidadania.

A Asfoc tem realizado ações com os parlamentares e participou de audiência na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, com objetivo de contribuir com os debates daquela Casa. Lembramos ainda que o Sindicato participou de audiência em que o ministro apresentou um balanço das ações e reforçamos o pedido de agenda durante a sessão. Desta forma, reiteramos nosso pedido de audiência com o Sindicato no Ministério da Saúde para tratar desses e outros pontos de interesse dos trabalhadores.

Diretoria Executiva Nacional e Regionais

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