A Jornada de Lutas do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) teve prosseguimento na terça-feira (26/01) com uma Mesa de debates no Fórum Social Mundial 2021. Indicadas pela Asfoc-SN, as presidentes Lúcia Souto (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde/Cebes) e Gulnar Azevedo (Associação Brasileira de Saúde Coletiva/Abrasco) fizeram duras críticas às estratégias do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
A presidente do Sindicato, Mychelle Alves, foi a mediadora do debate “Trabalhadores dos Serviços Públicos Federais na Luta pela Democracia e pela Vida”, ao lado da representante da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), a coordenadora de Seguridade Social Mariane de Siqueira.
Lúcia Souto afirmou que o governo federal errou em tudo. Para ela, se não fosse a organização da Fundação Oswaldo Cruz, do Instituto Butantan e do Consórcio do Nordeste, nada existiria em relação às vacinas de Oxford, Coronavac e Sputnik V. “Essas instituições se mexeram e planejaram para viabilizar isso que o governo tenta o tempo inteiro atrapalhar”, criticou.
Segundo ela, o Brasil teria condições de produzir a própria vacina, caso houvesse investimentos nas áreas de ciência e tecnologia. Apesar disso, Lúcia comemorou o fato de o país ter condições de produzir vacinas em território nacional pela Fiocruz e o Butantan, duas instituições públicas centenárias.
A presidente do Cebes colocou outras questões importantes para superar a pandemia: encurtar o prazo de vacinação da população para controlar a crise sanitária; dar continuidade ao auxílio emergencial; levar o Brasil para o Tribunal de Direitos Humanos e revogar a Emenda Constitucional 95. “Ela é incompatível com a vida, o progresso e a democracia da sociedade brasileira, porque democracia é direito, bem-estar, qualidade de vida. Precisamos estender também o orçamento emergencial aprovado em 2020, no curso da pandemia, para 2021 e 2022”, afirmou.
Gulnar Azevedo corroborou com a colega de debate e afirmou que apenas com muita pressão da sociedade sobre o governo federal haverá possibilidades de reverter a atual situação. Ela disse ainda que o governo brasileiro é “muito bom para destruir, mas não consegue construir nada”. “Ele não consegue nem uma resposta para comprar vacina. Não há acordo, não há nada. E muito pior que isso: ele não só destrói, não constrói, como coloca a população insegura, indecisa e sem saber o que fazer”.
Para ela, as pessoas não podem ser culpadas pelas aglomerações pelo país. “As pessoas têm que ser informadas, comunicadas e, sobretudo, ter apoio social para fazer distanciamento, isolamento de casos suspeitos. Poder saber o que fazer neste momento, e não perder seu emprego, não ficar sem dinheiro, não ficar sem ter o que comer. E é isso que o governo está fazendo o tempo todo. Fica de costas para a população, ao lado das elites, e isso está fazendo o Brasil ficar para trás na fila de enfrentamento da pandemia”.
O mundo todo está sofrendo com a baixa oferta de vacinas. Porém, alguns países se adiantaram, inclusive alguns da América Latina, e se encontram numa posição melhor. “O que não está ocorrendo no Brasil. Pela inércia, pela falta de compromisso, pela incapacidade e falta de compromisso com a população”, frisou Gulnar.
Ao fim do debate virtual, Mychelle Alves elogiou as falas das painelistas e ressaltou a importância do serviço público brasileiro, principalmente neste momento de pandemia. Ela citou, como exemplo, a liberação do uso emergencial das vacinas de Oxford e Coronavac pelos “colegas técnicos da Anvisa”. “Essas pessoas concursadas, com estabilidade, estão de fato para servir a população brasileira, e conseguiram ter autonomia para exercer o seu trabalho”, finalizou.
Plenária – Também pela manhã, a Asfoc-SN, representada pelo vice, Paulo Garrido, participou da Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares, com representantes das Centrais, de partidos políticos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil.
As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, as Centrais Sindicais, os partidos de oposição ao governo Bolsonaro, representantes de diversas matrizes religiosas, juristas, bem como outras iniciativas de articulação, realizaram uma histórica plenária reunindo mais de 400 militantes de todo Brasil, dentre eles, Leonardo Boff e João Pedro Stédile. Paulinho ressaltou a importância de construir uma agenda de lutas, tendo como bandeiras prioritárias:
“Vacina já, para todos e todas, em defesa da vida! Ampliar os recursos para o SUS, defender as medidas de distanciamento social, a retomada do auxílio emergencial, o Programa de Proteção ao Emprego, em defesa dos serviços públicos, lutar contra o Teto dos Gastos, contra a Reforma Administrativa e contra as privatizações”.
Calendário:
31/01 – Carreatas e bicicletadas em todos os municípios
01/02 – Dia Nacional de Lutas e Ato em Brasília na véspera da eleição das presidências da Câmara e Senado (Fonasefe)
06/02 – Dia Nacional de Solidariedade e luta pelo auxílio emergencial
08/03 – Dia Internacional de Luta das Mulheres
Veja as fotos dos eventos virtuais!
Para assistir à live na íntegra, acesse o link: https://www.facebook.com/asfocsn/videos/1142886419559195/